"ALGUNS PEDAÇOS DE MIM"
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
MOMENTO DE DECIDIR!!
Há momentos que são inadiáveis em nossa vida, decisões que apenas uma pessoa pode tomar sem a interferência de ninguém. Começo a minha reflexão com o poema “José” de Carlos Drumond Andrade:
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, proptesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Durante o curso de nossa vida caminhamos por longas jornadas que parecem não ter fim. Mas não devemos nos esmorecer nem desanimar, pois a maior lição e exemplo de superação, veio dos nossos antepassados. O homem pré-histórico levou milhões de anos para atravessar o Estreito de Bering chegando à América e ao Brasil. Eles enfrentaram vários obstáculos, percorreram longas distâncias e nunca desanimaram.
- E agora?
Como diz Carlos Drumond Andrade no poema “José”: a “festa acabou”, “a luz apagou”, “o povo sumiu” e “a noite esfriou”. É na solidão da vida e nos momentos como esses é que temos que tomar uma atitude, uma decisão, e esta, pode ser a nossa única chance. Nesse instante não há “José”, não há ninguém que responda as nossas perguntas. Ai é a hora de nos lembrarmos da “festa”.
É por isso que não podemos mais adiar a decisão de ser feliz, mesmo sabendo que o mundo inteiro é contra nós, o que importa é decidir, mesmo tendo uma barreira a nossa frente. Como diz o poeta, mesmo tendo uma “pedra”.
No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho...
Não se deve ter medo de errar. Não há acerto sem erro e quem tem medo de se arriscar nunca irá ser feliz, mas sim, um eterno derrotado e um depósito de frustrações. Sempre em nosso caminho haverá uma “pedra”, mas muitas vezes perdemos tempo tentando removê-la. Ao invés de olharmos para o futuro ficamos olhando para a pedra. Ela está nos lugares onde menos esperamos e pode estar bem ao lado da gente a vida toda. Pode ser um “amigo”, um parente e pode ser a pessoa mais próxima de nós e por mais que se tente agradar e tocar a pessoa, não tem jeito, pois é uma “pedra”, é o desafio, é o problema, é a dificuldade, enfim, temos que passar por cima da pedra e se quisermos chegar do outro lado temos que passar por ela. A pedra está bem no meio da passagem, mas acima dela há uma fresta de luz, uma brecha do tamanho de uma pessoa adulta, é possível passar por ela, mas temos que escalar a pedra para chegar do outro.
Sair da caverna deve ser o alvo de quem deseja viver intensamente e ser feliz, deve ser o alvo de quem deseja vencer. Lá fora está a realidade e a vida que tanto almejamos. Podemos sentir o orvalho, o perfume das rosas e correr pelos campos. Mas não faremos isso se ficarmos olhando para o tamanho do nosso problema e olhando para a “pedra”. Conta o “Mito da Caverna” que numa caverna havia um grupo de homens. Durante todo tempo os cavernosos vivem de costa para o mundo e de frente para a parede, eles passavam a vida toda contemplando as sombras projetadas ao fundo da caverna. Os acorrentados discutiam entre eles. Diz a história, que um fogo ficava dia e noite aceso na entrada da caverna, e o clarão do fogo fazia com que ao passar um bicho por ali, sua sombra fosse projetada na parede. Sem saber do que se tratava eles começavam a debater, então chegava um líder entre os acorrentados e dizia o que era aquilo que teria sido projetado na parede, mesmo que estivesse errado, os cavernosos se davam por satisfeitos com aquela resposta e assim os dias foram se passando. Algo inesperado aconteceu, um dos cavernosos conseguiu se soltar das correntes e saiu correndo para fora da caverna. Ao sair da caverna, o ex-cavernoso ficou encantado com o que viu lá fora, porém, seus olhos demoravam a se acostumar com a luz do sol. Aos poucos suas pupilas foram delatando até que pode ver a luz. Aquilo foi o máximo para o cavernoso, ele nunca tinha visto uma borboleta a voar, nunca sentira o frescor do orvalho caindo em sua pele, nunca sentiu o cheiro de uma flor e jamais imaginou coisas tão bonitas. Nesse instante o cavernoso percebeu que tinha perdido muito tempo contemplando as sombras sem conhecer a verdadeira realidade e que tudo o que viveu em todos os anos de caverna não passou de uma mentira. O filósofo grego Platão, discípulo de Sócrates escreveu “O Mito da Caverna” em sua obra “A República” há 2500 anos e até hoje a história serve para refletirmos sobre as nossas escolhas. Quantas correntes nos prendem? São correntes ideológicas? São correntes invisíveis. As sombras são apenas uma ilusão, não condizem com a realidade. Para vencer, ser feliz e viver intensamente sem se importar com o que vão pensar os cavernosos que cercam a nossa vida é preciso romper com as correntes e duvidar daquilo que os “lideres dos cavernosos” nos dizem e afirmam ser a “verdade”. É preciso desconfiar até das “boas intenções” dos que querem nos manter prisioneiros, deles, e do sistema.
Hoje, depois de tudo que passei, de todas as barreiras que enfrentei direi como o poeta:
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra. (Carlos Drumond Andrade)
O livro “Tudo Ou Nada” de Shinyasshik foi uma das obras preferidas que li passei a recomendá-la. O autor fala daquilo que eu tive que fazer: tomar decisões. Em “Tudo Ou Nada” o autor fala de situações que só com o diálogo não conseguiríamos resolver, então, é hora de romper com aquilo que nos prende e de cortar os laços com aquilo que não nos deixa crescer e não nos faze bem. Porém, ao tomar uma decisão é preciso estar disposto a enfrentar as conseqüências do tudo ou nada, porque elas virão. Por vezes são decisões rápidas e que precisam ser tomadas. São momentos de rupturas, mas necessários. Nessa hora temos que saber transitar entre o ser flexível e ser frio. A flexibilidade vai até um dado momento em que determinada coisa não esteja nos prejudicando, mas a hora em que a coisa pega, ai temos que ser frio como um advogado frente a uma situação de divórcio ou um médico em caso de doenças graves.
Quando se trata da felicidade pessoal de cada um, então é preciso decidir. Quando se trata de viver um momento lindo, é preciso vivê-lo como nunca. Dançar aquela dança que nunca dançou, arriscar aqueles paços que nunca deu sem se importar com quem está olhando, dar aquele abraço e aquele sorriso que nunca foi dado, fazer aquele passeio, andar livremente pelas calçadas e enxergar a importância dos outros colocando-as acima dos interesses pequenos e mesquinhos são coisas inadiáveis. Não dá para esperar o amanhã para ser feliz, temos que ser feliz hoje, nesse instante e a cada momento. Temos que aprender novos ritmos, experimentar novos sabores e saberes, aprender a gostar e a respeitar o gosto dos outros, sua música e sua cultura, suas danças e suas culinárias, aprender a conviver e a respeitar as diferenças e a conviver com os outros. Cada pessoa é especial do seu jeito e não existe ninguém melhor que outro alguém. Uma pessoa assim é capaz de dormir numa mansão luxuosa e numa tapera velha caindo aos pedaços. Podemos até dizer como Martin Luther King e Barak Obama: I Have drean. O primeiro presidente negro dos Estados Unidos em sua campanha acreditou que podia ser presidente num país cheio de preconceito. Com essas frases ele chegou lá: “Sim, nós podemos”, “Yes We Can”, ele repetiu isso milhões de vezes em público. “Eu tenho um sonho”, dizia ele evocando o “I have drean” de Martin Luther King, maior líder negro dos Estados Unidos. Barak também repetiu trechos do discurso do primeiro metalúrgico e operário eleito como presidente do Brasil Luis Inácio Lula da Silva. Depois de vencer nas urnas mais disputadas do país Lula disse: “A esperança venceu o medo”! E quando ele pegou o diploma presidencial ele chorou e exprimiu aquilo que revela o maior sentimento de um batalhador que venceu: “Esse é o meu primeiro diploma”. Milhões de brasileiros nunca foram a escola, esse era o sentimento que muitos gostariam de expressar, mas o sistema é muito perverso e não dá essa chance a todos.
Como se pode ver não se deve adiar uma decisão. Então diga...
A esperança vencerá o medo!
Sim, nós podemos!
Eu tenho um sonho!
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