"ALGUNS PEDAÇOS DE MIM"
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Um pouco de mim...
Você é uma das pessoas mais egoístas que eu conheço!! Escutei isso varias vezes na minha vida!! E sempre agradeci!! Não que ache isso bom, mas acho que sou sincera o suficiente para ser o quanto egoísta me cabe ser. Porque todo mundo é, uns mais que os outros. As vezes sou descaradamente... Melhor que ser veladamente. Pelo menos não me faço de boazinha quando no fundo só estou pensando em mim.
Eu sou intensa. Eu não sei me doar pela metade. Aí eu conheço a pessoa quero saber dos planos, dos pensamentos, dos gostos, do que sente, porque sente. Me preocupo com as dores, com a alimentação, com o sono, quero conhecer os amores. E de repente eu me apaixono e vem tudo aquilo de novo. Aquele desejo por mais, aquela coisa no estômago que me tira a fome, o sono... o juízo... os arrepios, a vontade de estar sempre perto. Eu sou tudo demais. Eu não sei ser "demenos".
Aliás, já deveriam ter inventado essa palavra... E ser assim é ruim? Eu não sei. Sinceramente não sei. Acho que não sei lidar com essa minha própria intensidade. Eu fico louca, paranóica, excitada, coração na boca o tempo todo e tudo dói, tudo fere, tudo é incompreensão. E eu não posso exigir nem que os outros sejam assim, nem que eles me entendam. É difícil. É o que eu sei. E essa, eu intensa, nem sei se é a melhor de mim.
A melhor de mim é calma. É altruísta ao contrário da visão que passo. É atenta as dores dos outros, as necessidades dos outros. É silenciosa, respeita mais o espaço e as vontades dos outros. É detalhista e extremamente doce. Capaz de se preocupar muito mais com o que os outros sentem do que com o que eu sinto, porque em mim tudo é leve. Aí vem a paixão e eu me desespero, tudo que se passa em mim é tão imenso que passa a ser urgente, pra já, e eu anulo o outro, como não deveria fazer. E quando existe a reciprocidade a pessoa se apaixona por essa "eu" calma, não pela apaixonada louca que vem depois... é difícil pensar que sou melhor sozinha.
Olha só, é muito difícil eu me apaixonar. É raro eu ter vontade de conversar com alguém pro resto da vida, de querer estar junto o tempo todo, de querer que aquela pessoa seja a dona dos meus textos, das minhas palavras. É raro você ter uma empatia tão grande por alguém para abdicar de tudo que você pode fazer quando está sozinho, sem envolvimento nenhum. Aí de repente, aparece essa pessoa e o que acontece? Feliz! Eu fico extremamente feliz. Porque mesmo sem assumir, eu queria aquilo, acho que todo mundo quer. Então aí passa a ser assim, tudo por aquele alguém, e eu quero vê-lo dormir, acordar, quero ler as mesmas coisas que ele, ouvir as mesmas coisas, ver as mesmas coisas. Quero ouvir ele falar dos dias, de cada segundo, de tudo que o surpreende no mundo, das impressões. E tudo dentro de mim acontece, o estômago embrulha, o corpo esquenta, a pele arrepia, eu tremo, suo frio. E eu morro de medo de perder aquilo, morro de medo. Eu não quero desperdiçar nada, nem um segundo daquelas boas sensações. Quero ficar quieta, em silêncio e ao mesmo tempo quero ele me tocando, sabendo que ele é meu com toda a volúpia que ele possa ter...
Estou aprendendo a lidar comigo mesma. Ando bem consciente das minhas falhas. É difícil você enxergar um erro quando as intenções são as melhores. Preciso estabelecer limites e não deixar que ninguém os ultrapasse. Preciso ter uma parte em mim que precisará ser conquistada sempre, porque é minha e não vai ser de mais ninguém. Eu preciso apenas separar melhor o eu, do outro. Sabe, eu já tive alguns amores, intensos, lindos e que acabaram. Amizades também. E a gente sabe que sobrevive, eu sei que sobrevivo. As pessoas vêem essa minha intensidade como dependência emocional e eu sei que ninguém quer ser apoio, quer ser burro de carga das emoções de outras pessoas. Já bastam as nossas que pesam demais. Então parecer egoísta, arrogante, é uma forma de tentar convencer a mim mesma que eu me basto, pra quando me apaixonar eu não parecer ao outro uma pessoa que não tem uma vida própria, os anseios próprios, que vive em função dela, eu tenho e são muitos. Eu sei sobreviver muito bem sozinha, eu só preciso aprender a mostrar para as pessoas isso. Deixar de ser tão delas. Assim elas vão ter medo de me perder. Porque a qualquer momento, eu realmente vou e elas se surpreendem porque eu parecia tão dependente, tão fácil. Mas não, eu sou apenas intensa demais. É por isso que prefiro manter as pessoas distantes, elas despertam o melhor e o pior de mim. E eu estou em um momento que talvez eu perca mais uma pessoa, e essa eu amo muito, pra poder finalmente aprender a lição... isso dói e talvez por isso eu pareça ainda mais egoísta, arrogante...
Infinito Particular
Marisa Monte
"Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou portabandeira
de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular"
(E se você não entendeu, talvez eu não seja pra você...)
Patrícia Figueiredo
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