"ALGUNS PEDAÇOS DE MIM"

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Reconstrução!!



Vou começar dizendo que se todas as vezes que escrevo o faço sem pretensões, dessa vez não vai ser diferente, mas há algo de diferente, não vou escolher as palavras, não quero ser poética, didática, engraçada, profunda, irônica.

Sabe desses assim que a gente vai pensando e escrevendo? Sem pensar se repetiu palavras, se vai rimar ou não, se vai ser bonito ou acrescentar algo em alguém. É um texto rascunho, desses que a gente escreve e não revisa, que vai com os erros de português todos, com os erros de concordância. Esse texto é assim e me perdoem por isso. É por isso que vou começar de onde eu quiser e terminar do nada. Vou começar pelo fim. Pelo fim do mundo. Você tem medo de 2012? Já pensou com quem vai querer estar, aonde, fazendo o que? Eu não. Eu nunca pensei nisso porque eu não tenho medo de 2012. Sabe por que, porque diariamente vejo mundos acabando em mim. Há sempre uma morte, uma perda, uma separação. Um paradigma que se quebra, um tudo que se destrói e vira nada, vira um mundo extinto. É sempre assim. Algumas vezes o mundo parece que jamais se recuperará, outras vezes restam algumas ruínas que nos bastam para recomeçar, mas inevitavelmente há dor, já perda, há transformação. Nossos mundos, os que criamos particularmente são vivos, são regados com nossos sentimentos, nossos pensamentos, nossos amigos, é formado de tudo que vibra. Como tudo que é vivo, um dia morre. É um ciclo. Estou no final de um desses ciclos e esse é dos grandes, em que grandes catástrofes acontecem. Aconteceram comigo.

Quando a gente perde algo que a gente ama muito, muito mesmo, isso pode ser perigoso. Aprender a ser forte é perigoso. Porque você começa a descartar tudo com muita facilidade. Você não aceita ter uma dor que seja menor que aquela porque você sabe que é capaz de suportar. Então você começa a desconstruir seu mundo. Você passa a querer ao seu lado, com você, aqueles que te tratam com prioridade, aqueles que você sabe dizer em absoluto que te amam e estarão com você quando seu mundo começar a ruir outra vez. Você abre mão com muita mais facilidade de tudo que é superficial, de tudo que parece, mas não é. É como se a dor anestesiasse de tão grande. Sabe quando algo dói tanto, tanto que nenhuma outra dor é sentida? É assim. Eu costumo semppre fazer escolhas. Coloco e tiro da minha vida com muito mais precisão e sangue frio. Quem me conhece sabe de que perda estou falando e como isso tem se manifestado na minha vida.

Outro grande aviso que estou no fim de um ciclo. Aí você começa a tirar tudo dos armários, tudo das gavetas, limpa a poeira, revisita o passado de uma forma muito palpável. E limpa. Joga fora o que não serve, o que não emociona mais, o que saiu de moda, o que passou. Lembra de coisas que você nem fazia idéia que tinha, coisas que não sabe por que guardou, memórias de tudo que fez você ser o que é. Aí as fichas caem e como li outro dia em algum lugar “o tempo faz tudo valer a pena”. Mesmo as mágoas, as brigas, a raiva, tudo no final você acha que valeu a pena. Tem que valer né, elas que te construíram como você é. É clichê e eu gosto. É mais que uma mudança de casa, é mais que uma limpeza de coisas antigas, de trocar os móveis e tudo de lugar, é uma reorganização interna. De repente, parece que tudo faz tão mais sentido. Tudo. Até aquela perda de meses atrás começa a ganhar sentido. Você já até agradece a Deus por ter cessado o sofrimento de quem você tanto amava, você entende que foi o melhor!

É ter uma folha em branco, as paredes limpas, a paisagem nova. É pra você recomeçar, fazer a sua história do zero de novo. Você nem sabe por onde, mas recomeça. Pensa nas cores novas, nas flores que vai comprar, até a sua alimentação você promete melhorar. E claro, deixar tudo sempre arrumado, não essa baderna atual. Ciclos. Você coloca tudo em caixas e interiormente faz o mesmo. Organiza tudo, joga fora o que não presta, guarda com carinho as relíquias e o que você não sabe muito bem o que fazer fica mesmo entulhado. Eu estou em uma fase assim. Em que tudo morre e tudo nasce. É preciso muito cuidado nessas fases, qualquer erro e o alicerce para o mundo novo não fica legal e aí já sabem né? Em dois tempos tudo vai ao chão novamente. Por isso, eu estou me resguardando. É um tempo que tudo precisa ser repensado e isso aqui como parte importante de mim, também. Ele têm me dado tantas e tantas alegrias que é um fato que ele não vai morrer, não vou deixar, mas algumas pequenas intempestividades que me magoaram também o atingiram, como não poderia deixar de ser já que é parte da minha vida. Sinais que algo precisa ganhar um rumo novo, uma proposta diferente. Quanto tempo? Não sei. O menor possível. Mesmo que em força de pensamento, em positividade. Eu me fecho para me abrir melhor. É uma promessa. É o que de mais honesto eu posso fazer por mim agora.

Sabe aquele feixe de luz que insiste em brilhar? Uma hora ele vira escuridão e por mais que digam que não, é de lá que podem surgir as boas novas. E hão de surgir...

(Eu finalmente estou tomando coragem...)


Patrícia Figueiredo

Um comentário:

  1. Curti esse! me encontro nessa incoerência pensada, e nessa verdade instintiva, simples, cheia do sabor da vida... bj;**

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